Something Left, Something Taken + Making Of (2010)

Qual o preço que se paga por uma obsessão? Até que ponto conseguimos distinguir o que é real, do que é fruto da nossa imaginação? A galera da Tiny Inventions arrumou uma maneira bem lúdica e divertida de contar esse tipo de história.

Todo mundo envolvido em uma cena de crime deixa alguma coisa pra trás, e leva alguma coisa embora. Será uma simples viagem de férias, ou a perseguição por algum tipo de fascínio obscuro? É essa dúvida que assola nossas cabeças assim que começamos a acompanhar a história do nosso protagonista, Max, um carinha um tanto quanto esquisito, extasiado pela palestra de um tal Dr. Janno sobre o famoso “assassino do zodíaco”, em São Francisco, na Califórnia.

Ele e sua mulher, Ru, pegam carona com um desconhecido, que se diz enviado de sua amiga Leslie para apanhá-los no aeroporto, e não demora muito para o nosso esquisitinho começar a pirar. Enquanto Ru devaneia com as maravilhas da Califórnia, Max conjetura hipóteses malucas sobre o suposto assassino.

O que será que vai acontecer quando esse motorista suspeito resolve pegar um atalho, e o paranoico no banco de trás vislumbra o símbolo do assassino do zodíaco pendurado no espelhinho de seu carro? É exatamente o que vamos descobrir agora...

Logo de cara, a animação impressiona pela sua aparência. Os personagens, mais do que fofinhos e carismáticos, parecem costurados à mão, e os cenários e adereços certamente são feitos de papelão. A impressão é a de um stop-motion, mas a fluidez dos movimentos acusa algo muito diferente, e nós, meros espectadores, ficamos nos remoendo tentando adivinhar como foi possível essa proeza.

Como Max Porter e Ru Kuwahata, que juntos formam a Tiny Inventions, nos explicam nos vídeos de making off que você poderá conferir abaixo, os personagens foram construídos a partir de corda, tecido, argila, bolas de ping pong, borrachas e caixas de leite de soja.

Os cenários são maquetes feitas de papelão:






Em seguida, eles foram fotografados e montados no After Effects, que permitiu grande flexibilidade e fluidez aos movimentos da animação:

Foram criados para os personagens dezenas de mãozinhas, pezinhos, olhinhos, boquinhas etc, que foram fotografados e inseridos na animação quando necessário. Essa técnica possibilitou a expressividade que podemos ver nos personagens, além de uma grande variedade de posições e uma tridimensionalidade difícil de se ver em animações em 2D. No making off é possível ver como eles faziam a troca dos membros durante a animação.

Os próprios bonequinhos e cenários também aparecem na animação como foram fotografados:

E como nós podemos notar no filme, algumas cenas são animadas na técnica tradicional, onde são desenhados vários frames do movimento, outras cenas utilizam de fantoches e bonequinhos filmados em câmera de vídeo, e outras, ainda, utilizam da técnica de stop motion e pixilation:

Max e Ru nos contam que, na verdade, nunca houve um roteiro original para o filme, que foi planejado direto no storyboard, e os diálogos foram mais ou menos improvisados nas sessões de gravação:

E como todo bom projeto envolve muito estudo, agora você pode conferir alguns sketchs do concept art do filme:

O roteiro genial, a mistura de técnicas, junto com outros elementos como a ótima escolha de cores, de planos de câmera e da trilha sonora, fazem de Something Left, Something Taken um dos mais incríveis curtas de animação já produzidos. O filme já ganhou tantos prêmios que, se eu fosse contar, ficaria a vida inteira aqui falando, mas vale a pena citar que ele já ganharam um prêmio do Animamundi, no ano de 2010.

Nós selecionamos abaixo um dos vários making off’s da animação. Neste, Ru nos explica como foi a montagem e animação dos personagens. Muitos outros materiais deste trabalho estão no blog do estúdio, que vocês podem acessar clicando aqui. Lá vocês podem conferir outros elementos interessantes do backstage, por exemplo como eles combinaram stop motion com animação digital, ou como criaram o efeito de chuva, uma cena do animatic feito em flash etc.

Lá é possível assistir também ao filme com legendas em francês e em japonês, e nós, do Deoos, não perdemos tempo e já deixamos lá nossa sugestão para que o filme seja traduzido também para o português. Afinal, Something Left, Something Taken é simplesmente boa demais para permanecer incompreendida!





Créditos:
Direção/Animação/Design/Roteiro: Max Porter & Ru Kuwahata
Sonoplastia/mixagem: Greg Sextro (vulgo East West Audio)
Gravação das vozes: Erin Kilkenny
Trilha Sonora: Erin Kilkenny, Andrew Landry, Andy Kennedy, Panic Bomber, Alex & Alison, Peter Squires
Vozes: Max Porter, Ru Kuwahata, Kyle McKeveny, Mickey Ryan,Tatiana Gomberg, Erin Kilkenny, Mike DiBenedetto, Veronica Taylor, Marc Diraison


**Esse filme foi possível graças à generosa colaboração da The Puffin Foundation LTD

Sobre a Tiny Inventions:

Tiny Inventions é a equipe de direção de Max Porter e Ru Kuwahata. Conhecida por suas lúdicas e bem-humoradas animações, Tiny Inventions combina arte artesanal, fotografia e técnicas digitais. Desde que começaram a trabalhar juntos, em 2007, Max e Ru têm dirigido e produzido trabalhos para comerciais de TV, videoclips, PSAs, uma linha de brinquedos e uma grande quantidade de filmes independentes. Recentemente, eles estão fazendo um curta-metragem com o Instituto Holandês de Cinema de Animação.

Essa matéria foi uma sugestão de Luiz Porta. Deixe você também a sua sugestão!

Postado por Elisa Rodrigues

Colaboradora Deoos TV

Curta nosso FACEBOOK e siga-nos no TWITTER para acompanhar os posts diários de DEOOS TV