O longa de animação Valsa com Bashir usa psicodelia e rock'n'roll para relatar traumas de guerra. Ari Folman, diretor e personagem principal da história, tinha 19 anos quando participou de um dos episódios mais sangrentos da Guerra do Líbano, em 1982.
O protagonista tenta recuperar fragmentos perdidos de suas lembranças da época em que lutou no exército israelense, procurando velhos colegas que combateram a seu lado na guerra.
O filme conta com depoimentos captados em vídeo e depois transformados em animação através do Flash e alguns CGI pelas mãos do diretor de arte russo-israelense David Polonsky, impressionando o olhar de qualquer um. Um grande filme onde cenários, traços e trilhas com canções de bandas punk como PiL e alguns nomes do underground local, mostram jovens fardados que se esbaldam de álcool e drogas, enfeitando seus fuzis com adesivos de seus heróis.
Mas o principal de tudo é que todos esses elementos acabam se fundindo e fisgam o telespectador num ítem mais profundo, a realidade da história, que sem dúvida é o principal objetivo do diretor. Seu olhar sobre a guerra oferece um panorama detalhado dos eventos e personagens que levaram ao massacre de Sabra e Shatila.
"Este é um filme antiguerra. Em filmes americanos, mesmo nos que criticam a guerra, você sempre vai ter um certo glamour em torno da guerra: a glória, a amizade entre os soldados, a masculinidade, a bravura. Você vê e fala: 'sim, é um filme antiguerra, mas eu quero ser um desses caras'. Com 'Bashir', quero que os jovens vejam e não queiram se sentir parte disso." Comenta o diretor em uma entrevista com o G1.
A escolha do diretor para contar a história através de animação, foi pelo motivo de que atrairia o público jovem, mostrando o lado cruel de vivenciar uma guerra, mesmo estando numa situação de vantagem ou "honrosa".
Para enfatizar suas intenções no filme, descritas como uma longa e terapêutica jornada de volta à insanidade, Folman insere cenas reais da guerra que ele vivenciou num momento-chave inesperado da história.
"A idéia era colocar tudo em proporção. Não queria que as pessoas saíssem do cinema pensando: 'muito boa essa animação, tem músicas legais, uns desenhos bonitos...' Sim, é um filme de animação, mas milhares de pessoas morreram. Isso é real: crianças e mulheres foram massacradas", comenta o diretor.
Valsa com Bashir é uma animação que poucos estão acostumados a digerir. Considerado um documentário polêmico sobre um olhar de um jovem sobrevivente de guerra, utilizando uma técnica para se aproximar dos jovens que acham que viver numa guerra é colher dias de glória. A animação israelense venceu Globo de Ouro e foi indicada ao Oscar em 2009.
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